segunda-feira, 23 de agosto de 2010 0 comentários

Entrevista com Müller: convivendo com muitos elogios



Ele é a grande revelação da seleção alemã: com quatro gols, três assistências e um jeito tranquilo dentro e fora dos gramados, Thomas Müller mostrou muito serviço logo na sua primeira aparição na Copa do Mundo da FIFA. O jogador de 20 anos também passou por um momento amargo na competição: devido à suspensão automática por dois cartões amarelos, teve de assistir com a torcida o seu país ser derrotado por 1 a 0 pela Espanha na semifinal.

Para a disputa do terceiro lugar contra o Uruguai em Port Elizabeth, neste sábado, Müller está decidido a voltar e fazer a sua parte para que a equipe tricampeã mundial possa se despedir da África do Sul com uma vitória. E o atleta está muito concentrado para alcançar esse objetivo. O FIFA.com fez uma entrevista exclusiva com o camisa 13 da Alemanha no hotel próximo de Pretoria, onde a Nationalelf está hospedada.

Thomas, há dois dias vocês caíram diante da Espanha na semifinal da Copa do Mundo da FIFA 2010. Agora vem a disputa pelo terceiro lugar. O que prevalece: o sentimento de frustração ou novo ânimo?
É um pouco complicado para nós. Criou-se muita expectativa e acabamos não correspondendo na semifinal. Queremos simplesmente encerrar bem a nossa participação no torneio, caso contrário voltaremos para casa com um nó na garganta. Afinal não queremos deixar uma má impressão nessa Copa do Mundo. É obrigação nossa evitar isso de qualquer forma. Temos que vencer e devemos isso a nós mesmos e à nossa imensa torcida.

Então a missão está traçada: continuar jogando ofensivamente, encantar a torcida e conquistar o terceiro lugar?
Exatamente! Queremos mostrar e provar isso novamente. Fomos muito elogiados aqui na África do Sul, especialmente pela mídia internacional, por atuar dessa forma. Mostraremos novamente do que somos feitos.

Como você avalia o Uruguai?
O Uruguai se apresentou nessa Copa do Mundo de maneira brilhante. Eles têm ótimos jogadores no ataque e, na defesa, são muito aguerridos e gostam de marcar individualmente. Uma coisa está clara: não será um jogo fácil. Vamos ter que atacar muito. Mas temos as armas certas e, acima de tudo, o lado psicológico.

Até agora você já fez quatro gols neste Mundial. Você está pensando em conquistar a Chuteira de Ouro adidas?
Vou para o jogo sem nenhuma pressão. Se eu conseguir marcar, ficarei feliz. Mas com Miroslav Klose temos outro no time com objetivos ainda maiores: ele pode bater o recorde de gols na história das Copas do Mundo. Veremos como o jogo se desenvolve. Como sempre, queremos fazer o maior número possível de gols.

Como um dos três candidatos ao prêmio de Melhor Jogador Jovem Hyundai da Copa do Mundo da FIFA 2010, você tem esperanças de ganhar este título?
Fico feliz por ter sido nomeado. É como se fosse um prêmio de consolação, já que fomos derrotados na semifinal. Para mim pessoalmente seria uma confirmação do meu trabalho conquistar esse título, reconhecido no mundo inteiro.

Vencer esse prêmio seria para você a coroação de uma incrível primeira temporada como jogador profissional?
Sim, com certeza. Com o Bayern de Munique tivemos uma ótima temporada, correu tudo bem para mim pessoalmente, fiz muitos gols e também dei assistências. Isso dá muita autoconfiança. Mas chegar à seleção alemã foi uma grande novidade para mim. É um sentimento ótimo quando a última competição de toda uma temporada termina tão bem. É uma loucura quando tudo dá certo.

Há quatro anos, Lukas Podolski conquistou esse título na Alemanha, o que gerou muitas expectativas em torno do jovem atacante. Mas você não parece ser alguém muito preocupado com isso...
Pode ser que outros esperem de mim um superdesenvolvimento. Eu acho que tanto elogio é apenas uma confirmação do meu desempenho aqui na África do Sul. Me apresentei bem e tenho orgulho disso. De resto, não permito que a pressão perturbe o meu bom trabalho.

Aqui na África do Sul você está jogando em uma equipe jovem, criativa e ofensiva. Essa constelação de fatores foi importante para o seu bom desempenho no torneio?
Não sou o tipo de jogador que tenta driblar cinco adversários para fazer um gol. Necessito de bons atacantes ao meu lado para poder jogar bem. Temos excelentes jogadores no elenco com os quais harmonizo perfeitamente. Outra coisa importante é que me entendo bem com os meus colegas, no campo e fora dele.

No Bayern de Munique você joga em uma posição central do setor ofensivo. Na seleção alemã, você joga mais pelo flanco direito. Essa mudança foi melhor para você?
Para mim tanto faz. Na atual posição pelo lado direito sempre me movimentei diagonalmente em direção ao centro para chutar em gol. Sei onde procurar os buracos na defesa adversária; é isto que importa.

Futebol à parte: o que você acha da sua primeira participação na Copa do Mundo da FIFA?
Todo esse ambiente me surpreendeu bastante. A África do Sul é ótima! Os sul-africanos são muito simpáticos e cordiais. Realmente me senti muito bem nesse país.

Na sua opinião, quem vai ser o novo campeão mundial?
A Espanha tem mais potencial para conquistar o título. É um elenco espetacular, muito organizado e criativo no ataque, com jogadores de classe mundial. Mas não dá para subestimar os holandeses. Não jogaram tão bem quanto se esperava durante a competição. Descobriram, contudo, que podem ser bem-sucedidos. Claro que estou torcendo pelos meus colegas de clube Mark van Bommel e Arjen Robben. Mas acima de tudo espero por um grande jogo!
 
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