sábado, 19 de junho de 2010 0 comentários

Entrevista com Oliver Bierhoff

Bierhoff: "O futebol pode trazer grandes benefícios"'Bierhoff:

Quando o nome de Oliver Bierhoff é mencionado, inevitavelmente os fanáticos por futebol de todo o mundo se recordam dos seus muitos gols de cabeça. O ex-atacante da seleção alemã deixava em pânico as defesas do Campeonato Italiano na década de 1990 e, na temporada 97/98, sagrou-se artilheiro do Calcio com 27 gols pela Udinese.

Mas o gol mais importante da carreira do centroavante foi marcado com o pé esquerdo. O gol de ouro na final da Euro 1996 contra a República Tcheca entrou para a história do futebol, dando o título europeu à Alemanha. Além disso, Bierhoff, que disputou 70 partidas pela seleção, foi escolhido o melhor jogador alemão de 1998 e, um ano depois, conquistou o título italiano pelo Milan. Façanhas como essas comprovam a grandeza do atleta nascido em Karlsruhe há 41 anos, que, como dirigente, tem mostrado ser tão eloquente quanto era perigoso como jogador.


Paralelamente à carreira nos gramados, Bierhoff realizou estudos à distância em economia. Há cinco anos ele ocupa o cargo de diretor da seleção alemã, formando uma parceria de sucesso com o técnico Joachim Löw. Bierhoff concedeu uma entrevista exclusiva ao FIFA.com para falar sobre a atmosfera e a paixão pelo futebol na África do Sul, suas expectativas em relação à Copa do Mundo da FIFA 2010 e também sobre a importância de craques de renome internacional no futebol alemão.


Bierhoff, você esteve na Copa das Confederações da FIFA 2009 há alguns dias juntamente com Joachim Löw. Quais foram as suas impressões?

Já havia ido algumas vezes para lá e é sempre muito agradável ver o entusiasmo do povo. É impressionante o quanto os sul-africanos ficam alegres com duas coisas: música e futebol. Também fiquei surpreso com a ótima organização nos estádios. Sempre havia muitos funcionários para dar informações. Certamente é uma atmosfera nova, principalmente por causa das vuvuzelas, mas é interessante.


Então, você acredita que podemos esperar um ambiente alegre e animado na África do Sul 2010?

Sem dúvida, é o que espero. Todos sabem que o futebol pode trazer grandes benefícios. A África do Sul e todo o continente africano se beneficiarão muito com o torneio. Será uma Copa do Mundo bem diferente do Mundial da Alemanha, entre outras razões, pelas condições climáticas diferentes. Mas acredito que os torcedores dos outros países estarão preparados para interagir com os sul-africanos e aceitar as condições existentes. Espero também que as semanas do torneio transcorram de forma pacífica, justamente por se tratar da Copa do Mundo.


Você mencionou as condições climáticas. Foi algo que o surpreendeu?

Não fiquei surpreso, mas consegui compreender melhor esse aspecto depois de ter estado lá e sentir as temperaturas. Antes da minha viagem anterior, eu nunca tinha ido para a África do Sul durante o inverno. Fazia muito frio em Bloemfontein. Os dias são ensolarados e o céu é azul, mas ao cair da noite fica muito frio. É possível adaptar-se a isso também, mas acredito que, para os europeus, será mais fácil do que jogar no calor do Brasil ou do Texas, por exemplo.


Normalmente, os europeus vencem as Copas do Mundo da FIFA disputadas na Europa e os sul-americanos vencem as disputadas fora da Europa. Logicamente, há exceções, por exemplo, a conquista do Brasil na Suécia em 1958. Você acha que outra exceção pode acontecer na África do Sul com a vitória de uma seleção europeia?

Acho que sim. Para nós, não será desvantagem jogar na África. Por outro lado, os melhores jogadores das outras seleções também jogam na Europa e estão acostumados a esse tipo de clima. Portanto, acho que o clima não será vantagem para nenhuma seleção de nenhum continente.


A julgar pela Copa das Confederações da FIFA 2009, você acha que teremos uma grande Copa do Mundo?

A Copa das Confederações é importante principalmente porque é uma ótima ocasião para testar a organização e o preparo do país-sede. Além disso, as seleções também têm a oportunidade de se familiarizar com o país onde disputarão o mundial. Também é importante para que o país todo se dê conta de que o mundial está se aproximando, que falta apenas um ano. Nesse sentido, a Copa das Confederações foi excelente.



Podemos dizer que a Alemanha está entre as favoritas ao título?

Acho que sim, somos um dos favoritos, já que ficamos na terceira colocação na Copa do Mundo em 2006 e fomos vice-campeões da Euro 2008. As seleções europeias desempenharão um papel muito importante. Mas também precisamos lembrar que é possível que uma seleção africana surpreenda, dependendo de quem se classificar e de quem estará em um momento melhor. O Egito se apresentou bem na Copa das Confederações. Além disso, não podemos nos esquecer das seleções tradicionais, como Argentina e Brasil, que, para mim, são as grandes favoritas.


No Grupo 4 das eliminatórias europeias, a disputa pela vaga direta está acirrada entre Alemanha e Rússia. Como estão os ânimos da seleção alemã em relação ao jogo decisivo na Rússia em outubro?

Por um lado, estamos em uma situação boa, porque somos os líderes do grupo. Por outro lado, estamos um pouco tensos, obviamente. Os russos venceram a Finlândia fora de casa, por isso já sabemos que não podemos perder em Moscou. A seleção deles é muito boa. A qualidade da Rússia também pode ser observada pelo bom rendimento que os clubes do país têm mostrado. Além disso, eles têm o Guus Hiddink, que é um técnico muito experiente. Por essas razões, vamos para o jogo em outubro com muita concentração e respeito pelo adversário. Mas chegamos à final da Euro 2008, então precisamos ter confiança em nós mesmos para buscar o resultado necessário na Rússia.


Dois atacantes da seleção alemã, Miroslav Klose e Mario Gómez, jogarão juntos no Bayern de Munique na próxima temporada. Pensando na Copa do Mundo da FIFA 2010, você acha que isso pode ser positivo para a Alemanha?

Sem dúvida pode ser uma vantagem se os dois jogarem bem juntos e estiverem em boa fase. Acho também que jogar em um clube de ponta como o Bayern será bom para a preparação do Mario para a Copa do Mundo. Ele poderá se acostumar com a pressão e jogará em nível internacional na Liga dos Campeões.


Alguns jogadores excepcionais, como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, são assunto em todo o mundo. A Bundesliga conta com Franck Ribéry, que também é um jogador fora de série. Você gostaria de também ter um astro como esses na seleção alemã?

(risos) Sem dúvida, eu aceitaria sem problemas que os três jogassem pela nossa seleção. Também temos alguns bons jogadores, mas realmente precisamos voltar a produzir grandes craques, como nos anos 90. Este é um dos objetivos do futebol alemão. Atualmente, o espírito de equipe tem sido o mais importante para nós. Nossos jogadores são muito bons, mas não contamos com um jogador fora de série, como os que você mencionou.

0 comentários

Entrevista com ex Artilheiro e Tecnico Jürgen Klinsmann

Klinsmann vê equilíbrioKlinsmann vê equilíbrio

O nome de Jürgen Klinsmann será sempre lembrado pela grande campanha da Alemanha na Copa do Mundo da FIFA 2006. O ex-atacante ocupou o cargo de técnico da seleção alemã e a conduziu até as semifinais do torneio, despertando uma euforia sem igual no país, que foi a sede da competição.

O evento foi inesquecível, com imagens das festas dos torcedores em várias cidades da Alemanha transmitidas a milhões de pessoas em todo o mundo. Klinsmann mereceu boa parte dos créditos pelo sucesso do selecionado germânico logo na sua primeira experiência como treinador. Após a Copa do Mundo da FIFA 2006, ele deixou o comando da seleção por motivos pessoais.

Em julho de 2008, Klinsmann foi contratado para ser o técnico do Bayern de Munique, mas acabou sendo dispensado depois de apenas dez meses. Hoje com 45 anos, o ex-atacante tem no currículo passagens como jogador por grandes clubes como Bayern, Internazionale de Milão e Tottenham, além de ter conquistado a Copa do Mundo da FIFA 1990 e a Euro 1996 pelo seu país.

O FIFA.com realizou uma entrevista exclusiva com Klinsmann, que mora atualmente na Califórnia. O ex-jogador, que disputou 108 partidas pela seleção alemã, apontou os seus favoritos e falou sobre as possibilidades da Alemanha na África do Sul 2010.

O sorteio final da Copa do Mundo da FIFA foi realizado há algumas semanas para determinar os grupos da primeira fase. Você acompanhou o sorteio? O que achou do evento na Cidade do Cabo?
É claro que acompanhei tudo pela televisão e fiquei contente em ver que a organização para o Mundial esteja correndo tão bem. A África do Sul cumpriu sem problemas mais uma etapa dos preparativos. Fiquei admirado com o trabalho deles.

Quais são as suas impressões sobre o país que receberá a próxima Copa do Mundo da FIFA? O que podemos esperar no ano que vem?
Acima de tudo, estou esperando uma grande Copa do Mundo. Não podemos comparar a próxima edição com outras anteriores, porque uma Copa do Mundo é sempre muito diferente das outras. Será o primeiro evento dessa grandiosidade em solo africano, e acredito que temos o dever de fazer a nossa parte para que seja um torneio maravilhoso.

Vamos tratar um pouco dos grupos. Qual a sua opinião sobre os resultados do sorteio?
Há alguns grupos com três seleções incrivelmente fortes e uma correndo por fora e outros com quatro seleções igualmente fortes. É difícil fazer previsões, porque as seleções terão de enfrentar algumas realidades com as quais nunca tiveram de lidar antes, como o ar montanhês e o inverno da África do Sul. Poderá ser uma Copa do Mundo cheia de surpresas.

Quais são as chances dos favoritos, como Brasil, Inglaterra e Argentina, e quais as chances da África do Sul?
Estou convencido de que nunca houve uma Copa do Mundo com tantos favoritos. Pelo menos oito seleções estão em condições de brigar pelo título. O Mundial será muito equilibrado. Entretanto, não podemos nos esquecer de que ainda falta meio ano e muita coisa ainda pode acontecer.

Quem são os principais favoritos ao título na sua opinião?
Todos os cabeças-de-chave estão entre os favoritos. Entretanto, algumas das outras seleções também estão, principalmente Portugal e França. Além desses países, haverá ainda algumas equipes correndo por fora, como a Costa do Marfim e o Chile, que fizeram excelentes campanhas nas eliminatórias.

Quais jogadores você acha que vão se destacar individualmente?
Nenhum jogador consegue conquistar um torneio tão difícil sozinho. É fundamental que os seus companheiros também tenham muita qualidade. Obviamente, jogadores como Messi, Kaká, Drogba ou Cristiano Ronaldo têm condições de vencer a Copa do Mundo. Entretanto, para que isso ocorra, os companheiros de seleção também precisarão jogar bem.

E quanto ao grupo da Alemanha? Qual a sua opinião sobre Austrália, Sérvia e Gana?
Eu diria que o grupo poderia ter sido mais difícil, mas também poderia ter sido mais fácil. A Sérvia será um adversário bastante complicado para a Alemanha. Estou na expectativa pela partida contra a Austrália, que tem muita combatividade e que quase venceu a Itália em 2006. Também será muito interessante o duelo contra Gana, que estará jogando no seu próprio continente.

Até onde você acha que a seleção alemã pode chegar na África do Sul 2010?
Uma seleção como a Alemanha sempre entra com o objetivo de ser campeã. Com um pouco de sorte, isso poderá se tornar realidade. Desde 2004, a seleção alemã chegou pelo menos às semifinais em todos os torneios que disputou. Quando a competição se aproxima do fim, as partidas são decididas nos detalhes. O selecionado germânico está melhor tecnicamente com a chegada de novos jogadores, como o Mesut Özil.

Você não sentiu uma certa melancolia ao assistir ao sorteio, por se lembrar de que há quatro anos você estava presente como técnico do seu país?
Melancolia é a palavra errada. Estou aguardando ansiosamente o Mundial e estou contente com o meu papel como comentarista de televisão.

Você não se arrepende de ter deixado o comando da seleção alemã?
Não costumo me arrepender das minhas decisões. Eu não tinha outra opção na época além de deixar o cargo. A minha família foi a prioridade.

Você vai trabalhar como comentarista de televisão na África do Sul no ano que vem. Pensa em continuar como comentarista depois da Copa do Mundo da FIFA?
Ainda não decidi isso. Vou tentar ficar bem tranquilo durante as transmissões e espero entreter os espectadores e transmitir alegria a eles. Ainda não sei se voltarei a trabalhar diretamente com futebol depois do torneio.

Sempre há muitos rumores de que algum clube está tentando contratá-lo. Quando você pretende voltar a trabalhar como treinador?
Os boatos sempre existem mesmo. Mas provavelmente não vou assumir nenhum novo projeto antes da Copa do Mundo. O que farei depois permanece em aberto.

0 comentários

Entervista com Joachim Löw

Löw conquista a Alemanha

Löw conquista a Alemanha

Poucas vezes na história a seleção alemã contou com um técnico tão querido no país como é Joachim Löw. Uma enorme competência aliada à elegância faz de Löw, que completa 50 anos no próximo dia 3 de fevereiro, o treinador ideal para o país. Para atingir esse status foram essenciais os seus conhecimentos técnicos e táticos, principal pré-requisito para comandar o selecionado germânico. No entanto, além de ser um grande estrategista, o professor se tornou um ídolo graças também ao seu carisma e charme.

Apelidado carinhosamente de "Jogi" pelos alemães, até hoje o ex-atacante é o maior artilheiro de todos os tempos do Freiburg e chegou a disputar quatro partidas pela seleção nacional sub-21. Certamente, isso é motivo para que ele seja ainda mais valorizado como treinador. Desde a época em que Jürgen Klinsmann era o técnico e Löw o seu assistente, ele já era considerado por muitos especialistas como o verdadeiro cérebro por trás da equipe. A sua meticulosidade e inclinação para planos táticos fazem dele uma autoridade inquestionável. O senso estético e o jeito charmoso de ser despertam a simpatia dos torcedores que o veem pela tevê.

A principal característica de Löw, entretanto, é a sede de vitórias. Após a Copa do Mundo da FIFA disputada no seu próprio país, ele assumiu o posto deixado por Klinsmann e deu continuidade com muito sucesso à nova filosofia alemã de futebol ofensivo. Ele sempre menciona a importância do "índice de posse de bola", referindo-se ao intervalo entre o momento que um jogador recebe e toca novamente a bola. Sob o seu comando, esse tempo foi bastante reduzido, com o que o futebol do selecionado germânico ficou consideravelmente mais rápido.

A Alemanha quer mostrar um futebol bonito e eficiente na África do Sul. A sexta colocada no Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola viaja cheia de ambições para a primeira Copa do Mundo da FIFA em solo africano. Confira a seguir uma entrevista exclusiva concedida pelo técnico alemão na Cidade do Cabo ao FIFA.com.

Löw, você já esteve na África do Sul em várias oportunidades para participar de eventos relacionados à Copa do Mundo da FIFA, tendo visitado, entre outras cidades, Johanesburgo e Cidade do Cabo. Quais são as suas impressões e expectativas?

A Cidade do Cabo é fascinante. Uma cidade ótima com um visual incrivelmente lindo: mar, montanhas e uma atmosfera excelente. O povo também é muito receptivo, amigável e multicultural. Johanesburgo também é extraordinária. A África do Sul 2010 será uma Copa do Mundo fantástica.

Como andam os preparativos da seleção alemã para o Mundial na África do Sul?

Tivemos de tomar muitas precauções e analisar as diferenças de condições climáticas e de altitude existentes entre as diversas sedes. Discutimos tudo amplamente e trabalhamos para entender qual será a influência desses fatores. Mas agora as coisas estão mais claras, porque sabemos quem serão os nossos adversários e onde ocorrerão as partidas.

Fazendo uma análise do desempenho da Alemanha em 2009, podemos dizer que foi um ano emocionante e que teve um "final feliz"?

Para mim, o balanço foi positivo. Ficamos em primeiro lugar no nosso grupo nas eliminatórias, não perdemos nenhuma partida e vencemos duas vezes os russos, que são adversários muito fortes. O melhor momento do ano foi a vitória contra eles na Rússia.

Então, você diria que ficou completamente satisfeito?

Também houve alguns jogos nos quais não conseguimos mostrar a nossa melhor forma. Mas é normal que a seleção não se apresente tão bem antes da fase decisiva. Em geral, a equipe jogou bem e evoluiu muito. Quando foi realmente necessário, o selecionado mostrou ter muita disciplina e qualidade. Com base nisso, posso dizer que estamos bem preparados. Temos uma grande seleção com muita experiência.

Em quais áreas a seleção alemã mais evoluiu nos últimos anos?

Tivemos um grande desenvolvimento no aspecto tático. Começamos um trabalho em 2004 juntamente com o Jürgen Klinsmann e, desde então, algumas coisas mudaram e novos rumos foram tomados. A seleção foi muito bem na Copa do Mundo de 2006. O time já era muito, muito forte! Depois disso, chegamos à final da Euro 2008 e, agora, terminamos as eliminatórias invictos. Também podemos observar uma evolução entre os jogadores mais jovens, como Lukas Podolski, Bastian Schweinsteiger, Philipp Lahm e Per Mertesacker, que, a esta altura, já disputaram 50 ou 60 partidas pela seleção. Eles ainda estão em uma boa idade para jogar futebol e têm bastante experiência. Por tudo isso, eu diria que tivemos uma grande evolução.

A Alemanha ficou na terceira colocação na última Copa do Mundo da FIFA e foi vice-campeã da última Euro. Até onde é possível chegar na África do Sul?

O objetivo da Alemanha em qualquer competição é chegar à final. Sempre pensamos dessa forma. Obviamente, outras seleções também têm o objetivo de vencer o torneio, como Brasil, Itália, França e Inglaterra. Mas estamos fortes o suficiente para chegar bem longe. Vimos isso na última Euro e vamos fazer de tudo para provar isso mais uma vez.

Vocês estão no Grupo D e jogarão contra Sérvia, Gana e Austrália. O que acha dos seus adversários?

O grupo é difícil, muito difícil. Sérvia e Gana têm jogadores muito fortes. Os australianos também são bons e estarão muito motivados para nos enfrentarem. De qualquer forma, teremos muito trabalho pela frente!

0 comentários

Entrevista com o craque Lothar Matthäus

Matthäus acredita nos alemães

Lothar Matthäus é até hoje o recordista de jogos com a camisa da Alemanha. Na África do Sul, ele já se prepara para atuar como comentarista de televisão durante a Copa do Mundo da FIFA 2010.

Em entrevista exclusiva ao FIFA.com, o Jogador do Ano da FIFA de 1991 falou da seleção alemã, das expectativas sobre o primeiro Mundial em solo africano e dos planos para o futuro.

Matthäus, você fechou recentemente um contrato com a Al-Jazeera Sport, a maior emissora de tevê do mundo árabe, para ser comentarista durante a Copa do Mundo da FIFA 2010. Você pretende continuar trabalhando na mídia no futuro?
Vou continuar trabalhando em atividades relacionadas ao futebol no futuro. É verdade que nos últimos meses atuei mais como jornalista do que na beira do gramado. A minha principal ocupação tem sido em redes de televisão do exterior. No entanto, gostaria muito de voltar a trabalhar como técnico. Mas tenho as minhas condições para assumir um novo compromisso. Recebi propostas bastante concretas recentemente, mas nenhuma me convenceu completamente e não sou o tipo de sujeito que aceitaria apenas tapar um buraco. Continuo esperando pacientemente.

A sua antiga equipe, a Internazionale, conquistou recentemente a Liga dos Campeões da UEFA e está à procura de um novo técnico. Como andam os seus contatos com o clube milanês?
Realmente tenho uma ligação forte com a Inter, mas não tanto quanto com o Bayern de Munique. A presidência do clube mudou, e as pessoas da minha época não ocupam mais os antigos cargos. Quero inclusive aproveitar para dar mais uma vez os parabéns ao clube pela conquista da Liga dos Campeões. Foi uma vitória merecida e eu não sabia para quem torcer naquela partida. Em relação à vaga de técnico, não sou nenhum sonhador. Não acredito que o meu nome esteja sendo cogitado. Não obtive resultados suficientes para isso, mesmo que tenha conquistado alguns títulos.

A Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 está chegando. Quais as suas expectativas para o Mundial?
Espero uma festa do futebol, assim como há quatro anos na Alemanha. Acredito que teremos uma Copa do Mundo pacífica e grandiosa. O evento será realizado em um país que ama o futebol. Tenho certeza de que haverá uma boa troca de energia entre as arquibancadas e os jogadores em campo.

A seleção alemã está entrando na fase final de preparação, assim como as outras 31 participantes. Como você avalia o momento atual da equipe comandada por Joachim Löw?
É difícil ter uma ideia boa de longe. Com certeza, a preparação não foi perfeita. Com a contusão de Michael Ballack, perdemos um importante líder para o torneio. Além disso, os jogadores do Bayern se juntaram muito tarde ao grupo.

Você mencionou a situação do capitão do selecionado germânico. Quais serão as dificuldades de disputar uma Copa do Mundo da FIFA sem Ballack?
É evidente que foi um duro golpe para a seleção, mas o passado já mostrou que uma equipe pode crescer muito quando acontece algo desse tipo. Os jogadores podem se encontrar de novo e se motivar para reagir de forma positiva. Além disso, a hierarquia se renova. Os atletas que já estão no grupo há tempos passam para o primeiro plano. No final, a saída do Ballack pode até ser positiva, de certa forma.

O goleiro titular da Alemanha, René Adler, também não viajou para a África do Sul devido a uma contusão. É mais um baque para a Nationalelf?
Com o Adler a situação não é tão grave. Ele não é uma personalidade tão expressiva quanto o Ballack. É muito triste para ele e fico chateado pelo fato de ele não poder disputar o Mundial. No entanto, não temos problemas no gol. Os três convocados estão no mesmo nível do Adler, que desempenhou um papel fundamental no gol alemão durante as eliminatórias, principalmente nas partidas contra a Rússia.

Você disse que considera os três goleiros no mesmo nível de Adler. Quem você acha que deveria ser o número um na África do Sul?
Antes da contusão do Adler, Manuel Neuer era o seu reserva imediato e Tim Wiese, o terceiro goleiro. Consequentemente, Neuer deve assumir a posição. Claro que o Wiese e o Jörg Butt têm a vantagem de possuírem mais experiência internacional. No entanto, o Neuer jogou uma Euro Sub-21 excepcional. Acredito que ele será um ponto de apoio importante para a seleção alemã no Mundial.

Após a contusão de Ballack, um novo capitão precisou ser nomeado para a equipe. O que você acha do novo comandante, Philip Lahm?
Eu enxergo Philip Lahm como o sucessor do Ballack. A única coisa que me incomoda é o fato de ele atuar na lateral e não no meio de campo. Ele possui todas as características que um capitão precisa ter. Ele se comunica muito bem com os outros jogadores, com a federação alemã e com a imprensa. Isso é importante em uma Copa do Mundo. Ele recebe o devido reconhecimento de todos os lados, principalmente dos seus companheiros de equipe. Isso será um importante apoio para ele.

A Alemanha ficou na terceira colocação na Copa do Mundo da FIFA 2006 e foi vice-campeã da Euro 2008. Até onde os alemães podem chegar na África do Sul 2010?
Logicamente, as expectativas são muito grandes, mas outros países também estão fortes. O que nos falta são talentos individuais capazes de decidirem uma partida sozinhos. Já vimos isso nos últimos anos. Apesar disso, o selecionado germânico ainda é muito respeitado pelos outros países, o que faz com que ele seja muito perigoso. A seleção de Löw tem obrigação de chegar às quartas. A partir de então, tudo depende de outros fatores.

Na sua visão, quem são os favoritos ao título mundial?
A Espanha, atual campeã europeia, o Brasil, atual campeão da Copa das Confederações, e a Argentina são as minhas principais apostas. Os melhores jogadores do mundo estão nessas equipes. A Holanda também tem atletas de qualidade, mas, à exceção de 1974 e 1978, nunca conseguiu brilhar em uma Copa do Mundo. O país tem uma tendência a se autopromover, e isso se reflete no desempenho da seleção deles.

Pela primeira vez, seis seleções africanas participarão de um Mundial. O que você acha das equipes do continente da Copa do Mundo da FIFA e até onde você acredita que a África do Sul pode chegar jogando no seu próprio país e com o apoio da sua torcida?
Pelos jogadores que tem, a África do Sul é a seleção mais fraca. Embora os sul-africanos tenham um bom técnico, também é preciso ter atletas de qualidade. Obviamente, eles têm a vantagem de jogar em casa. Espero que consigam passar da fase de grupos, mas será uma tarefa difícil. Quanto às outras seleções africanas estou mais otimista. Elas têm jogadores que atuam nas principais ligas da Europa. Espero ver uma seleção africana nas semifinais. Há algumas equipes nas quais tenho mais confiança, mas prefiro não fazer previsões. Em geral, espero uma Copa do Mundo cheia de surpresas, o que inclui favoritos sendo eliminados prematuramente.

 
;