domingo, 21 de março de 2010

Notícias sobre o acidente no show do Raimundos no Clube Regatas em Santos SP

Show de rock termina em tragédia e deixa 80 pessoas feridas
Por Cleidy Libório Fernandes

Sete pessoas morreram e oitenta ficaram feridas no show da banda de rock Raimundos, que aconteceu na madrugada de hoje no clube de Regatas Santista. O desastre aconteceu no final do show, quando as 4.500 pessoas presentes no clube, tentaram sair pela única porta que estava liberada para a saída do público presente.
O acidente ocorreu por volta de 2h30min da madrugada. Assim que terminou o show, as pessoas que estavam descendo pela escada da saída lateral do clube começaram a empurrar as outras. O corrimão não resistiu e 100 pessoas cairam de uma altura de 4 metros.
Segundo a diretoria do clube, quatro das cinco portas que dão acesso à saída do clube estavam abertas. Quando aconteceu o tumulto, os funcionários abriram a quinta porta, que estava reservada para a saída dos artistas. Entretanto, segundo algumas pessoas que estavam presentes no ginásio, havia apenas uma porta de saída aberta. Na hora do tumulto teria sido aberta uma segunda porta.

As vítimas do acidente foram atendidas nos Pronto Socorros da região, até a manhã de sábado e o 3º Distrito Policial divulgou o boletim de ocorrência sob nº 4947/97, com o nome das vítimas fatais: Camila Imerimini Cabral, 16; Pablo Rodolfo Soares, 20; Rodrigo Barbosa Martins, 16; Leandro Farias Rezende, 14; Luís Roberto Santos Mantovani, 18; José Renato Neto,16; Bárbara Aparecida da Silva Alves,18. Uma outra vítima ainda não foi identificada, rapaz branco, com aproximadante 17 anos.

Durante entrevista coletiva à imprensa, o presidente do clube Reinaldo Rubens disse que amanhã (dia 9) será feita uma reunião entre os diretores. O objetivo é discutir a questão da indenização para as famílias das vítimas do acidente.


Dor e alegria:sentimentos se misturam no PS central
Por Soraia da Mota
Dor, angústia e confusão. Esse era o retrato do PS Central na manhã de hoje, após a tragédia no Clube de Regatas Santista.
Vários parentes, amigos ou simplesmente curiosos se aglomeravam em busca de notícias das vítimas desaparecidas, tranformando o PS num campo de guerra, alegria e tristeza. A Imprensa também contribuía com a confusão na busca por dados concretos. Emissoras de rádio e TV regionais e da Capital, além de jornalistas do meio impresso, trocavam informações para definir um quadro mais correto da tragédia.
Porém, o desespero transformou-se em alegria, quando um dos parentes descobriu que seu familiar não constava na lista dos mortos e feridos.Após cinco horas do término do show ainda existiam vítimas não identificadas, para desespero dos pais e parentes que se aglomeravam em frente ao PS Central.
Até às 13h30, Reginaldo Luis dos Santos ainda procurava sua prima Elizabeth dos Santos, 21 anos, sem êxito. "Já estive no IML e não a encontrei, apesar de me dizerem que havia outra vítima sem identificação. Tambem fiz diversas ligações sem encontrá-la."
Duas listas - uma do PS Central e outra do PS do Macuco - registraram sete pessoas mortas e 51 feridas; a maioria, com ferimentos leves, foi liberada em seguida.
No final da tarde, uma das vítimas, Alex Damião da Silva, encontrava-se na UTI da Santa Casa, em estado grave. Outros três adolescentes foram internados sem gravidade.

Vítima aponta excesso das pessoas
Por Antonio Jorge Guerra Lopes
O jovem Caio Schimit Migues, de 16 anos, foi uma das vítimas do acidente encaminhadas ao Pronto-Socorro do Macuco. Ele conta que no salão existia um grande número de pessoas e por isso acabou acontecendo o tumulto. Muitas pessoas que se concentravam na escadaria que dava acesso à porta sofreram empurrões acabaram caindo no chão e sendo pisoteadas.
Caio relata que o homem que estava ao seu lado passou mal; tentaram socorrê-lo, mas nada adiantou: teria morrido de ataque cardíaco.
O enfermeiro do PS, Roberto Pontes, disse que no acidente ocorreram muitos casos de traumatismo craniano.

Clube vai discutir indenizações às famílias
Por Juliana Rosano
Será realizada uma reunião entre diretores do Clube Regatas Santista para discutir a questão da indenização para as famílias das vítimas do acidente. A informação foi do presidente do clube, Reinaldo Rubens Ferreira, durante entrevista coletiva concedida à Imprensa na manhã de hoje.
Segundo a versão oficial da diretoria do clube, o acidente ocorreu às 3h20 da madrugada e foi provocado pela "farra irresponsável dos jovens presentes ao show".
O presidente do clube ainda afirmou que as quatro saídas do ginásio estavam abertas e que, durante o tumulto, o acesso reservado aos artistas, atrás do palco, também foi liberado. O repórter do UINISANTA Online, Flávio Lopes estava lá e contradiz a versão (leia na última página).
Em relação à responsabilidade do clube, o Regatas apenas cedeu o ginásio de esportes para a Rockstrote Produção e Publicidade, mediante locação, disse Ferreira.
De acordo com um diretor, que não quis se identificar, o corrimão de ferro da escada caiu por causa da pressão feita pela multidão. Tudo começou quando duas garotas tropeçaram na escada, gerando um tumulto. Ele também afirmou que as vítimas morreram pisoteadas durante a confusão e que os que caíram da escada sofreram apenas escoriações e luxações.

Palco despenca e fere cinegrafista
Por Ana Claudia Alonso
O incidente ocorrido no Clube Regatas Santista não ficou restrito apenas à entrada de acesso ao ginásio onde ocorreu a tragédia. O próprio palco era uma armadilha, com tábuas soltas que poderiam provocar outro grave acidente.
Horas depois, na manhã de sábado, o cinegrafista da TV Santa Cecília, Alex dos Santos Furtado, aluno do 1º de Jornalismo da UNISANTA, acabou se machucando ao tentar subir ao local para gravar algumas imagens. "Coloquei o primeiro pé e senti que estava firme. Coloquei o outro e em menos de cinco segundos o piso de madeira cedeu e eu caí". Na queda, ele ainda conseguiu soltar a câmera de TV e por isso os ferimentos foram menores.
Alex sofreu uma torsão no dedo mindinho da mão direita e uma luxação nas vértebras do lado direito, sendo atendido no pronto-socorro da Santa Casa. Segundo ele, o barulho foi tão intenso que um diretor que estava do outro lado pensou que já estavam desmontando o palco.
Diante do incidente, Alex questiona a segurança durante o show. Eles (os Raimundos) tiveram sorte, pois se só com uma pessoa o palco cedeu, imaginem a tragédia que seria se os quatro integrantes da banda estivessem no local?, indaga.

Sete pessoas morrem no show do Raimundos
Por Valdenia Vasques
Sete mortos por asfixia, depois de serem pisoteados, e 31 feridos com gravidade foi o saldo trágico do show de rock do grupo Raimundos, na madrugada de hoje, dia 8, no Clube de Regatas Santista, conforme registro policial feito às 3h30.
O acidente aconteceu por volta das 3 horas, após o término do show. À tarde, o número total de feridos chegava a 51, conforme informações do PS Central.
O Boletim de Ocorrência foi feito no 3º Distrito Policial, sob nº 4947/97. As sete vítimas fatais foram: Rodrigo Barbosa Martins,16 anos; Leandro Faria Resende, 14 anos; Luiz Roberto Santos Mantovani,18 anos; José Renato de Sales Neto,16 anos; Pablo Rodolfo Santos Soares, 20 anos; Camila Imerimini Cabral, 16 anos e Bárbara Aparecida da Silva Alves, 18 anos. Algumas das vítimas foram enterradas no final da tarde de hoje.
A responsabilidade pelo ocorrido pode ter sido, em parte, do próprio público, segundo declaração do delegado do 3º Distrito, João Milhan Gonçalves. "Esse tipo de banda, que faz apologia à violência, não deveria se apresentar em público, pois acaba acarretando desavenças, tumultos, acidentes e tragédias."
Interdição - O secretário de Obras da Prefeitura, Antonio Carlos Gonçalves, disse que o Ginásio ficará interditado até que as investigações estejam concluídas.
Ainda neste final de semana, segundo ele, peritos da Defesa Civil vão se reunir com promotores de Justiça do Ministério Público para discutir detalhes do acidente.

Feridos têm idade entre 13 e 25 anos
Dario Nascimento Godikie
Alessandro Santana
Wellington Soares dos Santos
Rafael Alexandre Araújo da Silva
Luís Felipe Santos Andrade
Bruno Varandas Ribeiro
Maurício Muniz Chaves
Vitor Spirandeli de Godoi
Leandro de Arruda Júnior
Cristiano Silva da Costa
Paulo Sérgio de Oliveira Costa
Vinicius Gerolano
Benjamin Casagrande Filho
Valdemir dos Santos
Thiago de Freitas Melicio
Alessandra de Morais Costa
Alberto M. M. B. Sá
André F. C. Souza
Lucinda Maria da Conceição
Amanda Kelly Gil Ferreira
Ane Meire de Araújo
Angelo Spirandeli de Godikie
Caio Schimidt Mijes
Rodnei da Costa e Silva
Marcelo dos Santos Ferreira
Ricardo José Pinto Madrinha
André Felipe Cardoso Luz da Silva
Jean Silva Sodré
Alexandro Santana Camilato
Valdimir dos Santos
Marcelo Rodrigo de Goes

Músicas ‘pesadas’ não induzem o público, diz psicóloga
Por Emerson Chaves
Grupos de rock como o Raimundos e o Planet Hemp, por exemplo, que compõem letras consideradas "pesadas”, onde a mistura de sons é interpretada de forma muitas vezes agressiva, não induzem o público a ter atitudes violentas, ao contrário do que muitos podem pensar, na opinião da psicóloga Maria Cristina de Faria Fernandes.
Segundo Maria Cristina, o jovem, entre 12 e 17 anos, passa por uma fase de "explosão", na qual procura a liberdade e, assim, pode expressá-la de alguma forma.Para a psicóloga, os pais não devem repreender os seus filhos, mas respeitar suas opções, estabelecendo uma relação de diálogo e de confiança. Se o jovem sofre pressão, o conflito domina o relacionamento.
Maria Cristina comenta que o acidente ocorrido no show deve ter sido causado em razão da falta de segurança no clube ou ausência de comunicação sobre os locais para saída do público, o que ocasionou a concentração dos adolescentes em um único ponto, provocando a tragédia.

Raimundos: agitação, barulho e Rock’n roll
Por Andréa Silva de Sousa
Formada no etílico Reveillon de 88, em Brasília, a banda Raimundos, originalmente formada por um trio, apresenta um estilo baseado no rock pesado . Fãs dos Ramones, que serviu de inspiração para o nome da banda, tocavam covers do grupo novaiorquino e algumas composições próprias. Durante essa época, seus integrantes eram Canisso (José Henrique - baixo), Rodolfo (Rodolfo Leite - vocal) e Digão (Rodrigo Aguiar -guitarra) e, mais tarde, Fred (Frederico Mello -bateria).
Em 92, surgiu a oportunidade de tocar em um bar em Goiânia, o que deu início à carreira amadorística do grupo. O sucesso nos bares chamou a atenção do jornalista e produtor musical, Carlos Eduardo Miranda, que pediu a gravação de uma fita demo (amadora), no que foi prontamente atendido. Foram contratados pelo selo independente Banguela, sob a tutela dos Titãs.
Em 94, gravaram o primeiro disco, Raimundos, que vendeu 150 mil cópias. Em poucos meses já estavam presentes nas rádios e na MTV, com o clip, "Nega Jurema", o que levou o grupo ao disco de ouro.
No ano seguinte, já consolidados no cenário musical, o Raimundos gravou o segundo CD, Lavô Tá Novo, considerado mais comercial pela crítica, e em 96 foi lançado o penúltimo disco da banda, Cesta Básica.
O CD Lapadas do Povo mostra a versão 97 do grupo, cujo show de apresentação e lançamento foi em Santos hoje, 8 de novembro, no Clube de Regatas Santista. A data provavelmente irá marcar a carreira do grupo, assim como deixar cicatrizes profundas na comunidade santista.

Shows dos raimundos podem ser cancelados
Em entrevista concedida hoje à tarde à Agência Jornal do Brasil, o guitarrista da banda Raimundos, Rodrigo Campos, o Digão, afirmou que o grupo está pensando em cancelar as apresentações deste ano, por causa do acidente. O show que a banda iria apresentar na noite de hoje, em Sorocaba, foi cancelado. "Nós sempre procuramos saber sobre o local que nos apresentamos."
Digão disse que o grupo que ficou muito chocado ao saber das mortes em Santos. "Sempre queremos só alegria. Foi um grande susto."
Produtora - O show foi organizado pela empresa paulista Rockstrote Produção Promoção e Publicidade. Embora tenham sido contratados 50 homens para fazer a segurança do local não havia planejamento que orientasse os jovens para uma saída organizada.
O advogado da empresa, Reinaldo de Toledo, reconhece que a responsabilidade da segurança é da empresa promotora do evento, mas observou que o clube também tinha funcionários trabalhando. Toledo vai esperar a conclusão do laudo policial para montar sua estratégia de defesa.
Os responsáveis poderão ser indiciados por homicídio culposo. Os peritos do Instituto de Criminalística de Santos fizeram um levantamento do local e vão apresentar um laudo, no início da semana, que apontará se houve falhas na estrutura da rampa.

Nosso repórter estava
por Flávio Lópes
O lançamento do novo disco do grupo de Rock Raimundos Lapadas do Povo era o principal assunto antes do início do show na madrugada de hoje no Clube de Regatas Santista. Ninguém poderia imaginar que toda a alegria que contagiava o público fosse transformada em tragédia ao final do espetáculo. O entusiasmo exagerado e principalmente a demora na abertura dos portões, horas antes do show, já era algo que deveria chamar a atenção dos organizadores do evento (Rockstrote).
Na tarde de ontem, a rádio Enseada divulgava que o horário de abertura do clube seria às 22h30, mas a entrada só foi permitida após as 23h20. Todos esses fatores causaram a impaciência do público e, logo no início, depois da abertura dos portões, o tumulto começou com um aglomerado de pessoas que tentavam entrar ao mesmo tempo. Para piorar ainda mais a tensão, os portões foram abertos parcialmente, dificultando ainda mais o acesso nas dependências do clube.
Outro ponto negativo na organização foi o fato de o público não ter passado por uma revista individual ao entrar no clube, já que a equipe de segurança era insuficiente, facilitando o porte de armas, drogas, entre outros. O show começou aproximadamente por volta da 1h20. A partir daí, o pessoal só curtiu o rock dos Raimundos, contradizendo a afirmação de várias pessoas de que as brigas foram constantes durante o show. Os próprios integrantes da banda elogiaram o comportamento do público.
Quando o espetáculo terminou, o público começou a dirigir-se para a mesma saída. O que acabou causando a tragédia foi uma briga nas escadarias. O principal motivo da confusão foi a organização apenas ter liberado duas saídas e só após a tragédia é que as outras duas foram liberadas. A situação piorou quando o corrimão das escadarias cedeu e várias pessoas caíram de uma altura aproximada de cinco a seis metros. Correria, jovens pisoteadas e mortos por asfixia, além de dezenas de feridos foi o triste saldo inesquecível madrugada de 8 de novembro, no Clube de Regatas Santista.
Materia 08/10/1997
Fonte:online.unisanta.br

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